VIOLÊNCIA

Discussão política entre PM e religioso termina com fiel baleado dentro de igreja

Uma discussão entre fiéis de uma igreja de Goiânia terminou com um homem baleado na…

Igreja Evangélica Congregação Cristã do Brasil, no Finsocial (Foto: Reprodução - Google)

Uma discussão entre fiéis de uma igreja de Goiânia terminou com um homem baleado na quarta-feira (31). Entre os envolvidos estão a vítima, o irmão dela e um policial militar, que fez o disparo. O caso ocorreu na igreja Congregação Cristã no Brasil, no Setor Finsocial, na região Noroeste da capital.

Segundo o advogado Daniel Augusto, irmão da vítima, a rixa começou há um mês, quando o profissional contestou um dirigente da igreja por fazer reiteradas manifestações políticas contra partidos “vermelhos” e “bandeiras vermelhas” durante as pregações.

Na quarta-feira (31), houve uma nova discussão. O PM , identificado como Vitor da Silva Lopes, teria atingido a vítima com socos. Na ocasião, também disparou a arma de fogo e feriu a perna do fiel, que tem 37 anos.

“Meu irmão o cumprimentou quando se encontraram no bebedouro. Ele [o policial] já estava magoado com a gente por causa das denúncias que fizemos. Houve uma troca de ofensas e o policial deu um soco na cabeça dele. Duas pessoas entraram e ele sacou a arma e atirou no meu irmão”, relata.

“Tudo pelo ódio político. Os pastores e dirigentes insistem em levar política para dentro da igreja e virou isso aí. E só vai aumentar casos assim”, lamenta.

O culto continuou normalmente. Bombeiros foram acionados para realizarem os primeiros socorros.

Versões

Já o policial diz que os irmãos partiram para cima dele. Segundo o militar, que é músico na igreja, após tocar três hinos, saiu para beber água. Neste momento, Davi apareceu e o xingou. Depois disso, ainda segundo o relato do policial, Davi o atingiu com uma cotovelada na barriga. Ele, então, reagiu e entrou em luta corporal.

Na versão do policial, o filho de Davi e outro homem entraram na briga e teriam tentado sacar a arma do PM. O militar, por sua vez, sacou a arma e pediu para que os homens se afastassem.

“O Davi estava muito descontrolado. Como vieram quatro e eu era só um, mirei na perna e atirei uma única vez para que cessassem as agressões. Não atirei para matar ninguém”, afirmou.

E completou: “isso aconteceu porque eles são petistas e a Congregação publicou carta nacional orientando a irmandade a não votar em partidos que são contra os preceitos cristãos. A carta diz apenas isso. Não fala de partido vermelho, é mentira deles”, explica.

RAI

O Registro de Atendimento Integrado (RAI) da Polícia Militar diz que o policial tentou se desvencilhar de Davi e Daniel e desferiu o tiro contra a vítima.

O advogado Daniel, irmão da vítima, no entanto, contesta e diz que o policial, após ser contido por duas pessoas, sacou a arma e atirou contra a Davi.

“Conheço o Vitor desde criança. Uma pessoa boa. Ele e meu irmão eram amigos. A política causou isso. A Igreja não é lugar de política, é só para falar de Jesus”, reitera o advogado.

Davi foi encaminhado para o Hospital de Urgências Governador Otávio Lage (Hugol), em Goiânia, onde passou por cirurgia. Ele não corre risco de morte.

O Mais Goiás entrou em contato com o policial militar, mas ele não respondeu às indagações.