Confusão encerra bloco da Ludmilla, que reúne mais de um milhão de pessoas no Centro do Rio
Polícia Militar lança bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os foliões do tumulto
Após três horas de desfile, o bloco Fervo da Lud interrompeu a apresentação na manhã desta terça-feira no Centro do Rio, depois de uma confusão no meio do público. A cantora Ludmilla havia acabado de falar que estava feliz por não haver registro de brigas no bloco, e o DJ Renan da Penha se apresentava, quando comecou a confusão. A polícia jogou bombas de gás lacrimogêneo, o que gerou mais tumulto. Várias pessoas saíram correndo para fugir. E na correria, alguns foilões acabaram sendo pisoteados. Segundo relatos, houve também feridos por disparos de bala de borracha, feitos pela polícia. De acordo com os organizadores, o bloco reuniu mais de um milhão de pessoas.
Um folião foi preso, após agredir um policial. Segundo a polícia, ele estava brigando, quando um policial interviu e recebeu um soco no rosto. A agressão fez com que os policiais inciassem uma perseguição ao folião, que acabou sendo espancado pelos agentes mesmo após se já ter sido mobilizado. O folião preso foi ferido na cabeça e foi levado pela polícia em uma ambulância.
A confusão que interropeu o bloco teria começado com outra briga. Os policiais intervieram com bombas de efeito moral, o que provocou mais correria. A PM pediu que o bloco fosse interrompido, o que foi logo feito pela organização do desfile.
O autônomo Romildo Ribeiro, de 27 anos, contou ter escutado uma explosão que deixou os foliões bastante assustados, mas pouco depois começaram a voltar a curtir o carnaval novamente. A folia tornou a ser interrompida por outras bombas de efeito moral lançadas pela PM, visando a dispersar os responsáveis pelo tumulto.
— Todo mundo ficou apavorado. Tinham pessoas sendo pisoteadas, caindo, chorando, passando mal. A rua estava muito cheia. Não tinha pra onde correr. Foi bem assustador — relatou o jovem, que estava acompanhado da namorada e da sobrinha.
Ele não tem o costume de curtir o carnaval em blocos grandes, mas neste ano resolveu ver como seria um dos mais procurados. No entanto, a confusão generalizada no Fervo da Lud não deixou para ele uma boa primeira impressão.
— Quando eu fui para um bloco maior aconteceu isso. Agora não vou mais — disse, lamentando o ocorrido.
Um folião reclamou que a polícia ajudou a dispersar a multidão com bombas de efeito moral, gas lacrimogeneo, gas de pimenta e bala de borracha.
– A PM tem Que saber o alvo certo. Jogar bomba e dar tiro de borracha so causa panico. Houve correria e muita gente passando mal. Tomei 2 tiros de borracha. Isso e uma vergonha – diz um foliao que nao quis se identificar.
Foram cerca de duas horas de música antes do tumulto, quando a funkeira empolgou a multidão com hits da carreira como a “Danada sou eu” e “Te ensinei certin”. Além de muito funk, a cantora cantou de axé a pagode com Luiza Sonza e Belo.
Este ano, o tema do bloco era o Egito.
— Eu gosto muito da história do Egito e sei que é bem desconstruída a história que a gente vê na televisão. A maioria dos egípcios era da raça negra, e isso não aparece, mas quero que bastante gente saiba disso a partir de hoje — diz Ludmila.
Pouco mais de uma hora após o início do bloco, quatro mulheres receberam atendimento após passarem mal. A cantora chegou inclusive a dar uma pausa para poder chamar os bombeiros.