INVESTIGAÇÃO

Jovem que disse ter pavor de ‘pessoas escuras’ é indiciada por racismo no Rio Grande do Sul

A Polícia Civil de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, indiciou uma estudante de 22 anos por…

Jovem que disse ter pavor de 'pessoas escuras' é indiciada por racismo no Rio Grande do Sul
Jovem que disse ter pavor de 'pessoas escuras' é indiciada por racismo no Rio Grande do Sul (Foto: Reprodução/ Redes sociais)

A Polícia Civil de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, indiciou uma estudante de 22 anos por racismo após declarações em redes sociais. Em postagens, M. E. R. C. disse que tinha “pavor de conviver com pessoas escuras” na sala de aula.

Ela também responde por processo disciplinar na UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), onde cursa artes cênicas por causa das “manifestações racistas e injúrias raciais proferidas no âmbito acadêmico”. O Processo Disciplinar Discente pode culminar até em na expulsão da estudante da instituição.

M. E. R. C. não foi localizada pela Polícia Civil e por isso não foi ouvida. Segundo a delegada Débora Dias, um familiar informou, por telefone, que a estudante foi internada no dia 13 de maio em uma clínica de Santa Maria porque precisava de cuidados psicológicos, mas “não há nenhum documento que comprove que ela não pode responder pelos seus atos criminalmente”, informou Débora Dias.

A reportagem tentou contato com a indiciada e com a família dela, sem sucesso. A delegada responsável pelo caso se disse chocada com os prints de mensagens publicadas pela jovem.

“É visível o sentimento de superioridade por ser uma pessoa branca em relação as pessoas negras, e isso é inadmissível”, afirmou a delegada.

As reproduções das publicações foram encaminhadas pela Polícia Federal, que recebeu inicialmente a ocorrência, à Polícia Civil em 10 de maio.

O Ministério Público Estadual deve decidir se vai oferecer denúncia à Justiça ou arquivar o caso. Para a delegada Débora, a punição “é uma maneira pedagógica” de fazer as pessoas entenderem que racismo é crime e não pode ser tolerado. “A ideia de que as pessoas podem ter manifestações racistas, divulgá-las e nada vai acontecer tem que sair do imaginário popular.”