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SP: três acusados de matar travesti são condenados por lesão corporal leve

Condenados por lesão corporal leve, Van Bastem Bizarrias de Jesus, Iago Bizarrias de Deus e Wilson de Jesus Marcolino receberam a pena de um ano de prisão

A Justiça de São Paulo condenou nesta sexta-feira (12) três homens por lesão corporal leve e absolveu outros dois que eram acusados de matar a travesti Laura Vermont em 2015.

A sentença foi proferida pelo juiz Roberto Zanichelli Cintra no 1º Tribunal do Júri da Capital. Os cinco acusados foram levados a júri popular após dois adiamentos do julgamento.

Condenados por lesão corporal leve, Van Bastem Bizarrias de Jesus, Iago Bizarrias de Deus e Wilson de Jesus Marcolino receberam a pena de um ano de prisão, que prescreveu após quatro anos do crime.

Bruno Rodrigues de Oliveira e Jefferson Rodrigues Paulo foram absolvidos da acusação de homicídio e também não ficarão presos. Os cinco acusados respondiam ao processo em liberdade.

O juiz disse que a conduta dos réus “se amolda ao crime de lesão corporal leve pela falta de qualquer prova ou mesmo elemento de convicção minimamente seguro a indicar a exata natureza das lesões experimentadas pela vítima após as agressões perpetradas pelos acusados”.

O magistrado destacou ainda que, pelas imagens juntadas aos autos, a vítima estava consciente, lúcida e caminhava pela via pública após ser agredida pelos acusados, o que levou à conclusão “pela menor gravidade dos ferimentos”.

Relembre o crime

Segundo testemunhas, Laura Vermont, 18, foi perseguida e espancada por cinco homens. O crime ocorreu na madrugada de 20 junho de 2015 na avenida Nordestina, na Vila Nova Curuçá, extremo leste da capital paulista, a poucos metros da casa onde a família da vítima vivia.

Van Basten Bizarrias de Deus, Iago Bizarrias de Deus, Wilson de Jesus Marcolino, Jefferson Rodrigues Paulo e Bruno Rodrigues de Oliveira foram acusados de agredir Laura com socos, murros e pontapés –Van Basten teria usado, ainda, um pedaço de madeira. Eles afirmam que apenas revidaram ao arremesso de uma pedra contra Van Basten.

Na primeira versão dada para a polícia, todos confessaram as agressões, mas voltaram atrás depois sobre a participação de Jefferson Rodrigues Paulo e Bruno Rodrigues de Oliveira– que estariam presentes, mas não teriam agredido a jovem.

Agressão dos policiais

Após as agressões, Laura teria ainda conseguido andar e pedir ajuda, mas foi baleada. Ela havia encontrado o sargento Ailton de Jesus e soldado Diego Clemente Mendes, à época do 39º Batalhão da PM, na zona leste da cidade.

Na primeira versão dada à Polícia Civil, os policiais afirmaram que Laura roubou a viatura e bateu o carro em um muro. Eles não falaram sobre o tiro no braço da vítima, identificado pela perícia.

O laudo necroscópico de Laura não conseguiu determinar o que causou a morte. Mas, de acordo com o juiz Luís Filipe Vizotto Gomes, que aceitou a denúncia contra os cinco civis pela morte de Laura em 2017, “as evidências sinalizam que houve um somatório de causas”.

Segundo ele, a morte decorreu “tanto das lesões provocadas pelos acusados, como pelas lesões provocadas pela própria vítima (batida do carro), como pelas lesões provocadas pelos policiais (disparo no braço)”.

Os PMs chegaram a ser presos em 2015 por fraudar provas do caso, mas foram soltos dias depois. Eles não são mais investigados pelo crime, embora tenham sido expulsos da corporação em dezembro de 2016.

A Justiça condenou o governo de São Paulo a pagar R$ 50 mil de indenização por danos morais. A gestão estadual foi penalizada pela atuação dos dois policiais militares envolvidos na morte de Laura.