INVESTIGAÇÃO

iFood informa dados de usuário suspeito de racismo contra entregador

A Polícia Civil informou que a empresa Ifood respondeu à ordem judicial para informar dados…

iFood informada dados de usuário suspeito de racismo contra entregador
iFood informada dados de usuário suspeito de racismo contra entregador

A Polícia Civil informou que a empresa Ifood respondeu à ordem judicial para informar dados do usuário suspeito do caso de racismo contra o entregador Elson Oliveira Santos, 39, trabalhador de um hamburgueria de Goiânia, nesta terça-feira (10). Na segunda (9), a justiça deferiu um pedido da Delegacia Estadual de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DERCC) pela “quebra telemática do usuário por meio do qual o crime de racismo foi cometido“.

O caso aconteceu em 25 de outubro, após um pedido ser feito com destino de entrega ao condomínio Aldeia do Vale. Na ocasião, uma cliente de uma hamburgueria localizada no Setor Goiânia 2, se recusou a ser atendida por um entregador, enviando mensagens de cunho racista para o restaurante. “Esse preto não vai entrar no meu condomínio”, “Mandar outro motoboy que seja branco“, “Eu não vou permitir esse macaco“, lê-se.

O Ifood, empresa de entrega de comida pela internet, baniu o perfil do cliente responsável pelas mensagens racistas após o caso ganhar repercussão. Na época, o app afirmou, ainda, que está em contato com o entregador para oferecer apoio psicológico. “Em casos de racismo, é importante que seja feito um boletim de ocorrência (BO), além do contato com o Ifood pelos canais oficiais de atendimento”, esclareceu a empresa.

Ainda segundo a nota desta terça, “não há ainda prazo certo para a conclusão das investigações, o que só ocorre após o fim de todas as diligências necessárias”.

Condomínio

No dia 27, o condomínio negou que a pessoa responsável por mensagens racistas enviadas contra o entregador fosse moradora do local. De acordo com o condomínio, “a administração recebeu da Delegacia Estadual de Crimes Cibernéticos (Dercc) os dados do cliente que cometeu o crime de racismo e, imediatamente, verificou que ela não é moradora do local”.

“A elucidação aconteceu após um dia tenso para os moradores que acabaram sofrendo um julgamento coletivo em razão da repercussão da denúncia feita pela hamburgueria nas redes sociais acerca da atitude da cliente, que afirmou ser moradora do condomínio e pedir para lá fazer a entrega. O aplicativo de entrega de comida permite que o solicitante esteja em local diferente do endereço da entrega”, lê-se na nota.

Defesa do local

Também naquele momento, a advogada do condomínio, Letícia Brandão, afirmou que o “suposto autor do crime de injúria racial não é morador do residencial, visitante ou frequentador daquele condomínio” e que o “nome da pessoa suspeita, identificado pela Dercc não está dentro do cadastro de moradores, visitantes, prestadores de serviço ou frequentadores do condomínio, bem como o CPF informado pela Delegacia de Polícia”.

Ainda segundo ela, um crime de ódio como a injúria racial “está gerando outro crime de ódio“, uma vez que a exposição do nome do Aldeia do Vale tem gerado, conforme ela, “manifestações de ódio e apologia à violência” contra os moradores do residencial.

Confira a nota da Polícia Civil na íntegra:

A Polícia Civil de Goiás informa que a empresa Ifood respondeu à ordem judicial requerida pela autoridade policial e forneceu os dados de dispunham. Agora, a Delegacia Estadual de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DERCC) faz diligências para delimitar autoria e conduta delitiva, com base nos dados fornecidos pelo aplicativo. Não há ainda prazo certo para a conclusão das investigações, o que só ocorre após o fim de todas as diligências necessárias. A delegada Sabrina Leles concederá entrevistas apenas quando o inquérito policial for finalizado.