PROCEDIMENTO

MP investiga se houve abuso de delegado em prisão de médico em Cavalcante

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) instaurou procedimento para verificar se houve abuso de autoridade…

MP investiga se houve abuso de delegado em prisão de médico em Cavalcante
MP investiga se houve abuso de delegado em prisão de médico em Cavalcante (Foto: divulgação - redes sociais)

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) instaurou procedimento para verificar se houve abuso de autoridade contra o médico Fábio Franca, de Cavalcante, por parte de um delegado. O profissional foi preso, segundo ele próprio, por se negar a dar atendimento prioritário ao policial.

Destaca-se, o caso teve início no último dia 26. À época, de acordo com o médico e testemunhas, Fábio estava em atendimento quando o delegado Alex Rodrigues compareceu à unidade e exigiu atendimento prioritário porque desconfiava estar com Covid-19. Na oportunidade, Alex teria ordenado que Fábio deixasse seu paciente e desse atenção exclusiva a ele. O médico teria negado o pedido sob alegação de que esse comportamento atentaria contra a ética profissional.

A polícia, então, retornou no dia seguinte e prendeu o médico por exercício ilegal da profissão. Apesar do registro profissional de Fábio Franca constar como cancelado no Conselho Federal de Medicina (CFM), conforme justifica a própria Polícia Civil, o profissional possui permissão do Ministério da Saúde para atuar exclusivamente na Unidade Básica de Saúde por meio do programa Mais Médicos. A Secretaria Municipal de Saúde de Cavalcante também confirmou ao Mais Goiás que Fábio tem autorização para trabalhar.

O médico ficou um dia preso e houve comoção, inclusive com manifestações de apoio e contra o delegado. Desta forma, o MP-GO resolveu investigar a situação.

“A Promotoria de Justiça de Cavalcante instaurou procedimento para apurar eventual abuso de autoridade por parte do delegado. Também manifestou-se favoravelmente, perante o Poder Judiciário, para a restituição do celular do médico, objeto que foi apreendido durante a prisão em flagrante. A devolução do celular aconteceu na terça-feira (1º/2).”

Polícia Civil

O Mais Goiás solicitou um posicionamento à Polícia Civil (PC) sobre a atuação do MP-GO e também uma atualização sobre a investigação interna. A corporação não irá se manifestar, pois não comenta decisões do Ministério Público ou do Judiciário. Em relação às investigações, eles não podem dar detalhes sobre o avanço do procedimento da Corregedoria, pois o mesmo é sigiloso.

A corporação mantém a mesma nota que emitiu naquele momento:

“Caso médico em Cavalcante

A Polícia Civil de Goiás vem, por meio desta nota, explicar a notícia que surgiu em portais de comunicação locais sobre a prisão de um médico, supostamente por ter negado atendimento prioritário a um Delegado.

O Delegado de Polícia Alex Rodrigues, responsável pela Delegacia de Cavalcante, esteve no consultório com sintomas de Covid-19 na manhã de quinta-feira, 27 de janeiro de 2022, e no decorrer do dia, nas visitas que fez ao posto médico para tratar de seus exames, e em decorrência da forma em que o profissional o atendia, terminou sendo cientificado de que o médico estaria atuando de tal maneira por insegurança, dado ao exercício profissional irregular praticado. Realizados levantamentos técnicos acerca do registro profissional do suposto médico, Fábio Franca, constatou que o registro do médico junto ao Conselho Regional de Medicina de Goiás estava cancelado.

Diante da situação, impelido pelo dever legal que o acomete, tomou as medidas cabíveis para o esclarecimento dos fatos, inicialmente diretamente com o autuado, e no consultório onde realizava atendimento clínico, quando o médico se alterou e ofendeu a autoridade policial e sua equipe, fatos confirmados por testemunhas ouvidas no decorrer da lavratura do procedimento, uma delas, inclusive, enfermeira da unidade de saúde.

O conduzido foi autuado em flagrante delito pelos crimes de exercício irregular da profissão, desacato, resistência, desobediência, ameaça e lesão corporal.

Por cautela foi determinado pela Delegacia-Geral de Polícia Civil o acompanhamento direto e imediato da ocorrência pela Gerência de Correições e Disciplina. A PCGO reafirma seu compromisso com os cidadãos, colocando-se sempre no mesmo nível que os demais goianos e nunca corroborando com atitudes de abuso de autoridade.

A corregedoria da Polícia Civil de Goiás acompanhará o caso em toda sua extensão.”

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