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Crítica: Sweet Tooth – 1ª temporada – Netflix

Baseado nas histórias em quadrinhos da DC Comics criada por Jeff Lemire, “Sweet Tooth” é…

(Foto: Reprodução/Netflix)

Baseado nas histórias em quadrinhos da DC Comics criada por Jeff Lemire, “Sweet Tooth” é uma fábula que mescla diversos estilos e consegue trazer alento, esperança e espirito de aventura em um período onde precisamos cada vez mais da arte para nos apaziguar.

Certo dia na história da humanidade, um vírus se espalha e começa a erradicar grande parte da população. Mas ao mesmo tempo, inesperadamente, bebês parte humanos, parte animais começam a nascer. Chamados de híbridos e sem o mundo entender as razões para tal fenômeno, muitos começam a culpar as novas crianças pelo vírus, e diante disso, os híbridos passam a ser caçados e assassinatos.

Após uma uma década vivendo com segurança em uma casa isolada na floresta com seu pai, um menino-cervo híbrido chamado Gus (Christian Convery) é levado para uma aventura fora da floresta onde irá conhecer um sujeito alto chamado Tommy Jepperd (Nonso Anozie). Gus quer ir até o Colorado para conhecer sua mãe, e durante o percurso, ambos irão enfrentar seres humanos violentos, mas também vão conhecer pessoas boas que estarão dispostas a ajudar na aventura.

“Sweet Tooth” vai muito além de sua simples sinopse. É uma série que abraça a aventura e sabe muito bem construí-la, e consegue passear por outros estilos com sobriedade e sem exageros narrativos. O show é uma fábula mágica sobre este personagem que precisa encarar um mundo hostil, mas que se surpreende ao encontrar boas pessoas nele.

A série de quadrinhos foi publicada entre os anos de 2009 e 2013. Existir um vírus e uma pandemia em evidência na história é uma dessas coincidências curiosas com nosso momento atual, e que naturalmente colaboram para um contexto mais identificável com o público. Mas o grande trunfo do seriado, em minha opinião, é a maneira com que o enredo trabalha o desenvolvimento de cada personagem, e as temáticas relacionadas ao convívio humano.

Diante do inesperado, a raça humana sempre foi tendenciosa a culpar sem provas, e a buscar maneiras mais fáceis de apontar dedos e encontrar culpados. Os híbridos são uma amálgama dos diversos grupos frequentemente excluídos e erradicados que surgiram ao longo da humanidade. Mas em nenhum momento o seriado entra em território panfletário, ou tendencioso, com a ambição de criar uma história para pregar ao público sobre representatividade. Ela está ela, é claramente relacionada, mas a jornada pessoal de cada personagem é o maior foco e somos levados à uma aventura emocionante.

O elenco é um primor e magistralmente escolhido. Desde o protagonista interpretado pelo garotinho Christian Convery, passando por seus amigos encarnados por Nonso Anozie e Stefania LaVie Owen, até personagens coadjuvantes vívidos pelos ótimos Adeel Akhtar, Will Forte, Naledi Murray, Dania Ramirez e outros. Destaque também para a excelente narração de James Brolin.

Só me incomoda alguns clichês habituais de seriado – até de filmes – que são situações onde sempre alguém aparece no último momento para salvar determinado personagem. Em algumas cenas, a falta de consequências mais pesadas para alguns protagonistas diminui um pouco a severidade dos vilões.

“Sweet Tooth” é uma mistura de fantasia, contos de fadas, utopia apocalíptica, road movie e drama familiar. Ter um narrador já nos leva para um mundo de “Era uma vez…” mas construído aqui com sensibilidade, equilíbrio e sutileza. Apesar de se passar nos EUA, a série foi filmada na Nova Zelândia e utiliza com maestria as paisagens exuberantes da região (que ficaram conhecidas após Peter Jackson transformá-las na Terra Média de “O Senhor dos Anéis”).

Enfim, um desses seriados tão graciosos e gostosos de assistir que o tempo passa rápido, e quando termina, ficamos querendo mais.

Sweet Tooth Season 1 – EUA

Criado por: Jim Mickle, Beth Schwartz

Número de episódios: 08

Sweet Tooth ganha trailer emocionante e pôster - NerdBunker