Engenheiro agrônomo foi quem sumiu com auxiliar de enfermagem, diz polícia

Várias contradições nos depoimentos fizeram a Polícia Civil concluir que o engenheiro agrônomo Antônio David dos Santos Filho, de 40 anos, foi quem sumiu com a auxiliar de enfermagem Deise Faria Ferreira de Freitas, de 41 anos. Além dele, o líder do grupo Cláudio Pereira Leite, de 44 anos ,também foi indiciado. Os dois estão presos.

Deise desapareceu na noite de 11 de julho do ano passado, após participar de uma reunião com outras cinco pessoas em uma chácara na GO-080, no Bairro Chácaras Bom Retiro, em Goiânia.

Em depoimento, Antônio David disse que se ofereceu para levar a auxiliar de enfermagem no carro dela pra casa por volta das 23h30, após ela ficar bastante alterada ao tomar uma dose do chá de Santo Daime.

Segundo Antônio, assim que chegaram no portão da chácara, Deise teria descido do veículo para abrir o portão e desapareceu. Antônio David disse ainda que procurou a amiga até as 6h30 da manhã do dia seguinte, quando então retornou à chácara e falou para as outras pessoas que lá estavam, que Deise havia desaparecido. A família de Deise, porém, só foi informada do desaparecimento somente a noite.

Ao ouvir testemunhas e realizar perícia no veículo, a polícia constatou que algumas roupas, – uma saia, calcinha, soutien e uma blusa branca -, encontradas no porta-malas do carro – eram as que a auxiliar usava quando deixou a chácara. Diferente do relato das demais pessoas que estavam na chácara, o engenheiro agrônomo afirmou que Deise estava com uma blusa estampada, vestimenta essa que foi encontrada no dia seguinte em uma chácara ao lado.

“O que concluímos depois de sete meses é que o Antônio David mentiu o tempo todo. Falou por exemplo que teria avisado sobre o desaparecimento dela no posto da Polícia Rodoviária Estadual, o que, contaram os PMs que lá estavam, não aconteceu. Ele também tentou induzir os familiares da Deise a entrarem na chácara ao lado onde estava uma blusa que ela sequer havia usado”, disse o delegado Thiago Damasceno.

“Temos indícios de que foi ele quem jogou as peças no local após desaparecer com o corpo. Além disso, soubemos que aconteceu uma ríspida discussão na chácara, e que ele teria gritado que só a levaria se ela parasse de falar na cabeça dele”, destacou.

O delegado disse ainda que não conseguiu descobrir o motivação do desaparecimento da mulher, mas que desconfia que uma discussão dentro do carro, entre Antônio e Deise, teria sido um dos motivos – uma vez que a auxiliar estaria muito nervosa.

Cláudio Pereira Leite também foi indiciado. De acordo Damasceno, ele foi indiciado porque tentou atrapalhar o andamento do inquérito e mudar o depoimento das testemunhas. Em momento algum, segundo o delegado, Cláudio negou participação no desaparecimento de Deise.

Antônio David foi indiciado por homicídio e ocultação de cadáver e Antônio Pereira Leite por ocultação de cadáver. Os dois, que estão presos preventivamente desde o último dia 26 de janeiro, terão suas prisões preventivas solicitadas na próxima segunda-feira (22/02), data em que o chefe do GAS da Deic pretende remeter o inquérito ao Poder Judiciário.